Nunca uma disputa pela presidência da Câmara, e por um mandato tampão de apenas seis meses e alguns dias, teve tantos candidatos. Nem há precedente de tantas divisões para escolher quem terá como principal missão estabilizar e reunificar a Casa. A disputa literalmente racha a base de apoio do governo interino. De um lado o Centrão, com um dos candidatos favoritos (Rogerio Rosso, PSD/DF) e meia dúzia de figurantes, de outro, os partidos da antiga oposição aos governos petistas, como PSDB, DEM, PSB e PPS. Eles são mais propensos a apoiar Rodrigo Maia, do Democratas, mas também apostam em Heráclito Fortes, do PSB.
No grupo palaciano, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, trabalha pelo Centrão. Logo, por Rogerio Rosso, o favorito do antigo baixo clero que, na gestão de Eduardo Cunha, ganhou um upgrade, no nome e na influência. Já o secretário do PPI, que não tem título mas tem status de ministro, Moreira Franco, trabalha pelo genro, Rodrigo Maia. O chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, faz como o chefe, Michel Temer: garante que ficará equidistante.
E a oposição, que com cerca de 100 votos poderá ser um diferencial, pesando na balança a favor de um dos candidatos, também está dividida, a começar do PT. Ali, a corrente CNB, ligada a Lula, não esconde a preferência por Rodrigo Maia como melhor alternativa para derrotar o grupo de Cunha – embora Maia sempre tenha sido um antipetista fervoroso e tenha trabalhado intensamente a favor do impeachment de Dilma.
Com racha para todo lado, as promessas de “reunificação da Casa” soam ocas. Mas quem tem mais a perder é Temer com sua base dividida. Disputas deixam sequelas, pelo menos nos primeiros meses, e Temer, se efetivado, vai precisar logo de uma base coesa para aprovar suas pautas do desmonte, que começam pela PEC do teto para o gasto público. Do 247.
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