Nunca se deveu tanto no cartãoLevantamento mostra brasileiro com R$ 173 bilhões em dívidas pendurados nas faturas do cartão de crédito, sendo 20% no modelo rotativoOs brasileiros nunca deveram tanto no cartão de crédito, cujas taxas podem chegar a 431,4% ao ano, em média. Pelos dados do Banco Central (BC), as dívidas alcançam R$ 173 bilhões e o que mais assusta é que 20% do valor seja destinado a créditos rotativos, opção mais cara de crédito.
Os valores explicam o fato de 4 em cada dez brasileiros estarem inadimplentes, ou seja, não pagam o que devem há mais de 90 dias. Um estudo realizado em todas as capitais pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), mostra que 41% dos brasileiros consideram o limite do cartão como parte do dinheiro disponível no orçamento mensal.
Para o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, o imediatismo com relação ao consumo faz com que o brasileiro deixe de pensar no seu futuro financeiro e priorize o prazer momentâneo de realizar compras, mesmo que isso tenha como consequência estar com o bolso sempre vazio ou não deixar de realizar seus sonhos e projetos de vida.A professora Cláudia Melo, 47 anos, conta que sua dívida de R$ 76 mil está tirando o sono. “Tenho seis cartões de crédito, mas atualmente só uso um deles. Tenho certeza que o fato de usar o crédito rotativo me fez enrolar ainda mais”, explica. Para ela, o cartão de crédito é fundamental e já faz parte da sua rotina financeira. “Eu reconheço que me falta equilíbrio. Meus filhos e netos também usam meu cartão, o que deixa tudo mais desorganizado”, explica. Ela não tem noção de quando conseguirá quitar a dívida, mas da a certeza de que ainda tem muitos anos pela frente para conseguir se livrar da dor de cabeça.
Mauro Calil, fundador da Academia do Dinheiro e especialista em investimento do Banco Ourinvest, considera que o cartão de crédito é muito mal utilizado pelos consumidores. “Costumo comparar com uma faca. É um instrumento útil mas que pode machucar se for manuseado por alguém que não sabe utilizar. O mesmo se aplica ao cartão de crédito”. analisa.
Calil diz que um ano de crise acarretou dívidas altas. “A inflação afetou o orçamento familiar e muitos usaram o limite do cartão como extensão de renda. Isso não foi louvável, o correto seria diminuir o padrão de consumo”, pontua. A dica de Calil é que as pessoas possuam no máximo dois cartões de crédito. “É importante que a soma dos limites dos cartões deve ser de no máximo 50% da renda do consumidor”, aconselha. A deficiência está no baixo investimento em educação financeira.
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