Neste dia 6 de junho é comemorado no Brasil o Dia do Teste do Pezinho (cujo nome oficial é Triagem Neonatal). É rápido, está disponível de graça pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e é capaz de garantir a todos os recém-nascidos diagnósticos precoces a doenças que, sem tratamento, interferem no desenvolvimento mental, psicológico e motor do paciente.
Até dezembro de 2020, o teste do pezinho oferecido em São Paulo identificava seis doenças: a fenilcetonúria, o hipotireoidismo congênito, a anemia falciforme, a hiperplasia adrenal congênita e a deficiência de biotinidase. Este número subiu para 50 em dezembro, com o anúncio da parceria da prefeitura com o Instituto Jô Clemente.
"O teste foi
desenvolvido décadas atrás para a fenilcetonúria, que sem diagnóstico causa
crises convulsivas e deficiência intelectual", explica o geneticista Salmo
Raskin, presidente do Departamento Científico de Genética da Sociedade
Brasileira de Pediatria. "A maneira tradicional é uma gotinha de sangue do
calcanhar e pingá-la num papel filtro especial, que será analisado para
identificar substâncias acumuladas."
A gotinha pé tirada da lateral do calcanhar por
causa da maior concentração de vasos sanguíneos e por ser mais fácil para
coleta. Examinando a quantidade de cada substância no sangue do bebê, é
possível identificar anormalidades que apontam para uma doença específica. Mas
a maior efetividade do teste ocorre quando estas substâncias estão em concentração
maior -das 48 horas até, no máximo, o 30º dia de vida.
No entanto, o medo do novo
coronavírus pode levar pais a atrasar ou evitar levar seus recém-nascidos aos
hospitais e postos de saúde que oferecem estes exames. Para o imunologista
Antonio Condino Neto, já existem evidências de que o temor pela contaminação
fez a cobertura do exame diminuir durante a pandemia.
Além de orientar os pais durante o pré-natal sobre
a "relevância do teste na prevenção de doenças graves que deixam
sequelas", o pesquisador sugere fazer a coleta das gotinhas de sangue logo
na maternidade, antes de mãe e bebê receberem alta.
Na maternidade também podem ser feitos outros
exames essenciais para os primeiros dias de vida, como o teste da linguinha
(para detectar a chamada "língua-presa"), o teste do olhinho
(problemas oculares), o teste do coraçãozinho (doenças cardíacas) e o teste da
orelhinha (deficiências auditivas).
Exame será ampliado em todo o país até 2022 com a
sanção do Projeto de Lei 5.043/2020 pelo presidente Jair Bolsonaro, no dia 26
de maio, todo o Brasil pode ter acesso a testes gratuitos para até 53 doenças.
É o chamado "teste do pezinho ampliado", que entra em vigor
oficialmente em maio de 2022.
O geneticista Salmo Raskin reconhece que um teste
mais abrangente custa mais ao Estado e que o sistema de saúde pode demorar mais
de um ano para conseguir oferecê-lo. "Não se precisa só do teste: é
necessário outro tipo de equipamento, mais moderno, e há o custo de treinamento
da equipe", detalha.
"Mas o teste também reduz drasticamente o
custo ao Estado brasileiro a médio e longo prazo. Pode-se olhar esse custo como
um investimento, que vai trazer um benefício gigantesco para o Brasil –do ponto
de vista financeiro, mas também salvando vidas", completa.
FONTE: Por Folhapress 06/06/21
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