quinta-feira, 5 de abril de 2018

Comida para crianças com microcefalia em PE corre risco de apodrecer por falta de transporte

Alimentos doados estão armazenados na sede da União de Mãe de Anjos (UMA), no Recife (Foto: UMA/Divulgação)União de Mãe dos Anjos (UMA) arrecadou 1,8 tonelada de alimentos e não tem como levar para famílias no interior do estado.                        Alimentos destinados a famílias de crianças vítimas de microcefalia em decorrência da síndrome do vírus da zika correm o risco de apodrecer por falta de transporte para o interior de Pernambuco.                            Segundo a União de Mãe de Anjos (UMA), 1,8 tonelada de comida foi arrecadada em um evento no dia 4 de março e estava prevista para ser entregue a partir da quarta-feira (4), no Sertão.Segundo a presidente da UMA, Germana Soares, a entidade montou uma ação social e precisa de ajuda para realizá-la. Depois de recolher os alimentos e levá-los para a sede da entidade, no Recife, foi solicitado o apoio de logística ao núcleo da Secretaria Estadual de Saúde que trata da assistência a vítimas de microcefalia.Germana conta que a viagem estava marcada para as 16h desta terça-feira. A distribuição das cestas começaria às 10h da quarta, em Arcoverde, distante 256 quilômetros da capital. Segundo ela, pedidos como este tinham sido atendidos em outras campanhas semelhantes. “Na tarde de segunda-feira (2), ficamos sabendo que não teríamos como contar com o transporte. Alguns sacos de alimentos já estão com bichos e não sabemos o que fazer”, afirmou.
Ao todo, 1,8 tonelada de comida foi arrecada durate a ação e seria entregue a famílias no interior de Pernambuco (Foto: UMA/Divulgação)
A arrecadação de alimentos foi feita a partir de doações que marcaram a Semana da Mulher. No domingo anterior ao Dia Internacional, no dia 8 de março, duas mil pessoas se reuniram no Clube Português, na Zona Norte do Recife, para levar os donativos.A União da Mãe de Anjos recebeu gêneros alimentícios e fraldas descartáveis, além de produtos de higiene pessoal. Com eles, foi possível montar 250 cestas básicas de médio porte.“Na primeira parte da ação, a ideia é levar 150 cestas para o polo de Arcoverde, que atende mais 14 municípios. Na próxima semana, pretendemos beneficiar os moradores da região de Caruaru e de Limoeiro, no Agreste, com outras 100 cestas”, afirmou Germana.A União da Mãe de Anjos tem oito filiais em Pernambuco, além da sede localizada na capital. São, ao todo, 399 famílias cadastradas. “No interior, estão as pessoas mais necessitadas. São cerca de 200 famílias, justamente as que mais preocupam, já que os projetos assistenciais se concentram no Grande Recife”, justificou.A ação social prevê, ainda, um trabalho com uma equipe multidisciplinar, que ficaria responsável por manter contato com as mães das crianças. “Pretendemos levar psicólogo, assistente social e cuidador para ficar com as crianças enquanto as mães se mobilizam para fazer a distribuição da comida", explicou.“Entramos em contato também com pessoas das universidades das regiões para ampliar a assistência. Ainda temos a esperança de conseguir uma forma de levar os produtos e, por isso, não desmobilizamos a estrutura montada”, observou.                                 Resposta Procurada pelo G1, a Secretaria Estadual de Saúde justificou, nesta terça-feira (3), não ter sido possível atender ao pedido feito pela entidade, como aconteceu em ações semelhantes, nos últimos anos. Por telefone, a assessoria de comunicação da pasta informou que não havia nenhum veículo disponível para fazer o transporte.Segundo a secretaria, todos os carros com o tamanho necessário estavam mobilizados para ações do governo diretamente ligadas à área de saúde. A pasta também lamentou não ter conseguido atender a essa solicitação.                                                       ATUALIZAÇÃO: Na noite desta terça-feira (3), a União da Mãe de Anjos informou à reportagem que a Secretaria Estadual de Saúde disponibilizou transporte para distribuir os alimentos arrecadados e a viagem para o interior de Pernambuco acontece durante a madrugada.
Germana Soares, mãe de Guilherme, que possui microcefalia (Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press)
FONTE G 1 PERNAMBUCO

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